domingo, 17 de janeiro de 2016

Recordando a Primeira Mestra Tecla



Quando em julho de 1957 entrei entre as Filhas de São Paulo, a Congregação era florescente de vocações e em plena expansão missionária.

 A comunidade romana, naquele tempo, com mais de 400 membros, os seus edifícios e, ao centro, o imponente santuário “Rainha dos Apóstolos, parecia-me uma verdadeira fortaleza. 

As repartições do apostolado pulsavam de vida e de fervor. Era belo encontrar-nos e rezar juntas no santuário. Sobre todos pairava a carismática figura do Fundador, e ao seu lado, Mestra Tecla, de quem ele havia dito: 

“Tereis outras Primeiras Mestras, mas apenas ela é a Mãe do Instituto”. 

Não era fácil encontrar pessoalmente a Primeira Mestra. Com as filhas espalhadas por todo o mundo, ela seguidamente se ausentava de Roma para visitar as comunidades paulinas na Itália e no exterior. Quando estava na sede, fazia-nos conferência no salão. Não tinha o dom da eloquência, mas com a carga interior que a a animava, sua palavra ia direto ao coração. Eu, tímida e reservada como era, não ousava me aproximar da Primeira Mestra para falar-lhe daquilo que eu tinha no coração. Contentava-me com seus sorrisos maternos e com suas palavras encorajadoras, quando a encontrava nas alamedas do jardim. Depois da profissão religiosa, fui destinada à comunidade de Salerno. Estava ali havia algumas semanas, quando a superiora da casa nos comunicou a visita da Primeira Mestra. Pouco depois de sua chegada, Mestra Tecla mandou me chamar e com um olhar pleno de afeto e de bondade disse que tinha ido a Salerno justamente por minha causa, para pedir-me para ser missionária em Boston, nos Estados Unidos. Fiquei surpresa, sem palavras. 

O pensamento que me veio foi “justamente pra mim” e me alegrei, pois a proposta que me fez me entusiasmou. E no auge do entusiasmo eu disse sim. Obtido o visto um ano e meio depois, em 31 de janeiro de 1962, parti para Boston, no navio, com ir. Innocenza Cellini. Durante o trajeto ia muitas vezes ao convés do navio e olhava a interminável distância de água, para além da qual se encontrava a terra para a qual o Senhor me havia destinado. 

Nos USA a superiora provincial ainda era Mestra Paola Cordero, que tinha pela Primeira Mestra uma veneração ilimitada. Cada desejo da Primeira Mestra, também não expresso, era para ela uma ordem. A sua referência a ela, as suas palavras, exemplos, virtudes, ensinamentos eram constantes nas meditações ou nas conferências que fazia à comunidade. Podia-se dizer que todo ambiente da Casa de Boston estivesse impregnado dessa veneração. E eu me adaptei a esse influxo. 

Depois da morte da Primeira Mestra, a veneração de Mestra Paula por ela cresceu imensamente. Cada vez que surgia um problema nas repartições de apostolado, ela a invocava com voz estridente “Saintly Prima Maestra, pray for us”. 

Em Boston tive, também, a oportunidade de traduzir em inglês boa parte do epistolário de Mestra Tecla e Mestra Paola. O belo relacionamento que existia entre elas me revelou um aspecto menos conhecido de Mestra Tecla: a amizade. 

Depois de 26 anos passados na América, retornei à Casa geral e fui designada ao Secretariado Internacional da Espiritualidade. Um dos primeiros compromissos que me foi passado pela encarregada do setor, ir Antonietta Martini, foi de preparar para a impressão o conjunto de conferências da Primeira Mestra nas suas palavras originais, que foi depois publicado em 1993, com o título Un cuor solo un’anima sola (CSAS). 

Foi um trabalho empenhativo e que exigiu muita paciência, mas que me permitiu entrar em maior sintonia com ela. Eu a sentia próxima de mim e rezava por ela. Estou convencida de que a sua intercessão me obteve muitas graças de Deus. 

Recito muitas vezes a oração pela sua beatificação. Mas, às vezes, quando paro para olhar o seu rosto luminoso na foto, parece-me sentila sussurrar:
 “Não se preocupe em rezar pela minha beatificação, reze, sim, para que todas as Filhas de São Paulo sejam santas. Para isso ofereci a minha vida”. 

Monica Maria Baviera, fsp

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