sábado, 20 de fevereiro de 2016

Testemunho de uma Filha de São Paulo

Entrei na Congregação em Roma, com a idade de 11 anos, em 4 de novembro do
ano santo de 1933. Depois de ter feito com meus familiares a última visita ao cemitério,
para saudar com o coração despedaçado, a minha mãe que, 
não sei por quais misteriosas complicações,  havia dado a vida por mim. 
Não sabia quem fosse as irmãs e jamais as havia visto, a não ser a minha irmã,

Ir. M. Irene, que algumas vezes, de Alba, fazia uma visita rápida à nossa casa para ver
meu pai, que havia ficado sozinho. No mês de novembro do ano santo de 1933, a minha
irmã que, em Alba, já havia feito a primeira profissão, estava destinada à nascente 
comunidade de Roma. 

Mestra Tecla lhe disse: «Antes de ir para Roma, passe em sua casa,
despeça de seu pai, pegue a sua irmãzinha e leve-a para Roma».
Foi assim que cheguei ao mundo ‘encantado’  da cidade (e que cidade!!!) entre pessoas 
desconhecidas e, para mim, estranhas, porque não havia jamais visto irmãs nem sabia 
que existiam. Os primeiros seis meses foram de choro contínuo. Sentia-me sozinha
e perdida como um passarinho. Minha irmã ia todos os dias à propaganda porque, além
do ideal apostólico, era necessário enfrentar os gastos de uma grande casa sendo construída 
quase que exclusivamente com a confiança na Providência. 
Naquele tempo, a Fé funcionava exatamente assim.

Aos 16 anos, com a formação recebida, decidi fazer a vestição do hábito das Filhas
de São Paulo. Com tantos empenhos não sobravam muitas horas livres para serem
dedicadas ao repouso e à diversão, fora aquela hora de recreação depois do jantar, 
nas noites de verão, quando a Primeira Mestra Tecla, com grande alegria de todas,
nos convidava a relaxar depois de um dia de trabalho apostólico
 (brochura, legatoria, tipografia etc.) 
escolhendo feijão ou lavando a verdura da nossa horta.

Entre nós, era proverbial a frase: Coragem!  Repousaremos no Paraíso! Vivia-se
num clima de simplicidade, de sincera fraternidade e de perfeita união entre os princípios
de formação humano-cristã, que nos eram inculcados pelas mestras de formação. 
Primeira entre estas era, obviamente, Mestra Tecla, mãe, mestra e cofundadora do Instituto! 
Mulher ideal! Da mulher ideal, Tecla Merlo possuía as virtudes:  a fé e as características humanas. 
Mulher sensível que a cada acontecimento se fazia dom, isto é, “mãe”.
Realmente assim foi também para mim. E estou certa de que sempre me seguiu.
Posso testemunhar preocupações maternas que ainda hoje me comovem. 

A Primeira  Mestra Tecla, além de preocupar-se com a saúde física de suas irmãs, 
se preocupava,obviamente muito e também com a formação moral, espiritual, intelectual: 
isto é, com o crescimento de toda a pessoa.
Para mim, a Primeira Mestra Tecla foi um  ‘magistério’ vivente, em tudo:

Na oração
No encontro com o seu Senhor se afastava realmente de tudo; entrava no mundo
misterioso do sobrenatural tanto que nos preocupava se a devêssemos chamar por
alguma urgência nos momentos de seu colóquio com Deus. Recordo de uma vez que
tive de puxar seu véu muitas vezes para chamá-la à realidade.

Na caridade com o próximo
Era grande de coração para com os necessitados. As famílias da colina Volpi, em
Roma, encontraram nela uma mente aberta e um coração generoso que as socorreu em
momentos de dificuldades. Não permitia jamais que alguém saísse sem sua ajuda.
No comportamento exterior Sempre controlado, dignitoso, feminino.
Tocava-nos seu olhar intuitivo, doce, mas profundo e repleto de humanidade. Agradava-me
encontrá-la quando saía do Santuário depois da hora de adoração da tarde... Para
mim era um encontro... energético, porque enquanto me transmitia um sentido de serenidade
e paz, com o seu olhar profundo infundia uma carga interior que era um estímulo
a viver a vida com empenho e serenidade.

Na audácia apostólica 
A maior prova de coragem e de fé que deveria viver Tecla Merlo foi certamente quando
o incansável Fundador incluiu o cinema entre os meios mais céleres e eficazes para
a difusão da Palavra de Deus e isto, obviamente, comportava uma nova ‘forma mentis’
tornada possível em força daquele ‘Sim’ inicial, mas total, pronunciado na pura Fé.
Agrada-me concluir com um testemunho do Fundador que ouvimos muitas vezes,
mas que sintetiza toda a sua vida: «A Primeira Mestra doou-se totalmente a Deus, com
dedicação absoluta. Não havia uma só fibra de seu organismo que não fosse orientado
segundo a razão do espírito». E ainda «Tereis outras Primeiras Mestras, mas apenas
ela foi, sobretudo, Mãe do Instituto».

Ida Conti, fsp

Rezemos com Mestra Tecla


"Quero que o meu respiro esteja 
em comunhão contínua com meu Deus.
Em cada respiro quero dizer: 
Jesus está conosco e nós estamos com Jesus (...)
 Graças a Deus."

Mestra Tecla Merlo (co-fundadora das FSP)

Celebrando o ingresso de Mestra Tecla no céu - 20 de fevereiro de 2016


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Tecla Merlo - discípula e missionaria fiel do Mestre e de Paulo Apóstolo



Recordando...
No dia 28 maio de 1961, em Ariccia (Itália), durante os Exercícios, na festa da Santíssima Trindade, Mestra Tecla ofereceu a vida para que todas as Filhas de São Paulo sejam santas.
No dia 16 junho de 1963 foi atingida por um espasmo cerebral. Foi hospitalizada em Albano (Itália).
No dia 7 de julho do mesmo ano, restabelecida, volta para Roma para uma breve visita; reúne todas as irmãs na Via Antonino Pio para saudá-las e agradecê-las pela sua cura. A sua serenidade e o abandono em Deus comovem a todas.
Em 22 agosto de 1963 experimenta grande alegria pelo encontro com o papa Paulo VI, na visita à casa de saúde Regina Apostolorum, de Albano Laziale.
Em 22 novembro de 1963 foi acometida  por um novo e mais grave espasmo cerebral. Pe. Alberione lhe administrou  a unção dos enfermos.
Em 5 fevereiro de 1964 morreu em Albano, na casa de saúde Regina Apostolorum, após uma hemorragia cerebral. Foi assistida espiritualmente por pe. Alberione. Era uma quarta-feira.
Dia 7 fevereiro de 1964 realizaram-se os funerais na capela da casa de saúde. Presidiu  pe. Tiago Alberione. O corpo segue para Roma, ao Santuário Maria, Rainha dos Apóstolos, para possibilitar às irmãs e demais membros da Família Paulina, vê-la mais uma vez.
Dia 8 fevereiro de 1964 realizou-se solene funeral no Santuário com a presença do Cardeal Arcadio Larraona, prefeito da Sagrada Congregação dos Ritos, que fez a homilia fúnebre. Foi sepultada no cemitério monumental de Verano.
De 3-7 fevereiro de 1967 foi feita a exumação do corpo do cemitério de Verano para a sepultura privilegiada na subcripta do santuário Maria, Rainha dos Apóstolos, em Roma.
Dia 6 de fevereiro, funções solenes no santuário. À tarde, funeral solene na cripta, com a presença dos representantes de toda a Família Paulina.
Dia 7 de fevereiro foi enterrada no sepulcro da subcripta.

Processo canônico da venerável Mestra Tecla Merlo

Dia 11 de julho 1967 foi feito o pedido ao Cardeal Arcadio Larraona, prefeito da Sagrada Congregação dos Ritos, para dar início aos processos informativos referentes à Mestra Tecla Merlo.
Dia 15 de julho de 1967 a Sagrada Congregação dos Ritos emitiu o Decreto para a abertura do processo ordinário informativo.
Dia 26 de outubro de 1967, em Roma, no Vicariato, teve início o Processo Ordinário para recolher os testemunhos e a documentação sobre a fama de santidade, vida, virtudes e milagres de Mestra Tecla. Foi encerrado em 23 de março de 1972.
Dia 10 de dezembro de 1967  foi aberto o Processo Rogatorial no Tribunal eclesiástico de Alba. Encerrado em 4 de maio de 1971.
Dia 21 de outubro de 1982 foi aberto o Processo Apostólico no Vicariato de Roma. Encerrado em 17 de junho de 1987. A abertura e o encerramento do Processo foram feitos no Vicariato, na sede do Tribunal.
Dia 22 janeiro de 1991, o papa João Paulo II assinou o Decreto com o qual reconheceu a heroicidade das virtudes de Mestra Tecla e a proclamou venerável.

Em entrevista, o Beato Tiago Alberione fala da Venerável Tecla Merlo

  No dia 05 de fevereiro celebram-se os 60 anos da páscoa de Irmã Tecla Merlo. Convidamos uma pessoa, testemunha da sua vida, que conviveu c...